segunda-feira, janeiro 23, 2006

Olho as escadas estreitas e instáveis até chegar ao patamar onde a prancha balança insegura com medo de cair na piscina azul que faz a delicia de tantos. Subo o primeiro degrau, tremo. decido descer com medo de cair e de perder tudo o que até agora tinha construído. olho para cima e vejo a estrela que tenho fitado todas as noites, que me tem adormecido com o ritmo do seu cintilar e com a melodia que invento. a estrela que acalma o vento que roça nas àrvores numa tentativa de sedução. ao que ela responde num gesto desprezável e permanece imóvel. olho para baixo de novo. os pés molhados naquela àgua lucida, deixam marcas no chão gasto e pisado, naquele caminho tantas vezes percorrido. o meu pé esquerdo, que tantas vezes já magoei, e que tantas vezes o direito já ajudou. apoiei sempre o esforço do meu corpo cansado de memórias no pé direito, quando o esquerdo não conseguia. esse pé mais fraco, subiu a primeira escada. e seguiu-se o direito. e o esquerdo. e a força da alma impulsionava o corpo para a frente que tantas vezes tremia com o balançar das escadas despidas e frias. cada vez mais perto do céu que segurava a estrela. e insegura de corpo e alma cheguei. encostei-me aos ferros velhos que tentavam impedir a queda. mas voltei a estremecer. os ferros recuaram. coitados. já não têm a força que tinham na sua juventude. não interessa porque num acto involuntário logo me mandei para a frente, desencostando-me dos ferros. fico mais perto da prancha. olho a estrela e ela cintila como que num piscar de olhos confiante. dou mais dois passos em direcção à prancha, na direcção da estrela que fica cada mais alcançável. olho para baixo e sinto-me uma criança inconsciente que deita tudo a perder para conseguir aquele brinquedo que tanto anseia. chego ao limite da prancha. inclino-me tentando alcançando o pontinho brilhante. falta pouco. inclino-me mais um pouco para a frente.. estou quase. o pé esquerdo avança.
foi em falso. não sinto a prancha. o vazio percorre-me enquanto caio. tento respirar fundo mas tudo o que sinto é uma dor no peito. procuro a estrela uma ultima vez, mas tudo o que encontro são folhas a cair da árvore que chora a partida do vento. sinto uma dor nos pés. é o embate na água. perdi-me. tudo desvanece.
tudo o que eu queria era que alguém me guiasse. alguém que voasse comigo para não voltar a percorrer o mesmo caminho de sempre. alguém que não me iludisse com promessas incompressíveis. alguém que me ajudasse a escolher o trilho mais limpo e menos instável, e que o percorresse comigo, mesmo sendo desconhecido. mas, nesta vida de interceiros e egoístas, há alguém que faça isso? eu quero acreditar que ainda tenho quem se arriscasse a isso..
espero não cair da prancha, quando(se) me aperceber que afinal nada passa de uma ilusão, de uma estrela inalcançável.

[ porque a minha vida resume-se à subida de uma escada instável tentando alcançar o inalcançável, a lutar pelas ilusões, a sonhar. a minha vida é feita de caídas e recaídas, e de alguma mão no ombro que ajuda sempre a subir mais um degrau. e a mão, vou continua-la a sentir? ]

1 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

.. e aqui venho eu comentar mais um dos textos da Teresa, a grande =D tu és SÓ a minha escritora favorita ;P mas quem ler o fim, vai achar q tu nao fazes mais na vida q sofrer e andar aí pelos cantos a lamentares.te ! CREDO |= ( sim, estou a ser um bocado exagerada =P ) bem rapariga :) cumpri o prometido (chegar a casa e a primeira coisa a fazer é comentar o texto da Teresinhaa ) ! beijinhos amiguinha :) gosto.te muito=)
p.S. : DIGAS COMENTEI ANTES DE TII ! MUHAHAHAHA xD

1/24/2006  

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial