e ela fechou o livro cansada das histórias que ele lhe prometera contar numa noite estrelada à beira mar.
cansou-se de ficar todas as noites esperando um carinho, um gesto de gratidão por tudo o que lhe dera até lá (a sua alma). cansou-se de olhar a lua sozinha, de sentir o vento chicotea-la sem que ele a protegesse, de gelar a alma aquando dos pés se molharem na imensidão salgada, de acariciar o ar, de abraçar a chuva, de cair no chão que ela construira para eles caminharem (ele próprio o destrui em cada gesto seu). cansou-se de escrever a sua história sozinha, de ama-lo, de se sentir des-amada.
cansou-se da história que uma vez imaginou ser aquela que sonhara contar aos seus filhos e fugiu. fugiu para bem longe, para onde ele não poder arrepender-se e ir busca-la.
cansou-se de gostar de ficar, e foi. foi e nem ela sabe bem para onde. foi escrever a sua própria história, o seu próprio livro. consciente da tinta com que escreve e do papel que dispõe, para não borratar; procurando sempre escolher o episódio em que ele não entre.
o novo livro começa a nascer.. pequeno, tal como as personagens.