Procuro-te.
Trazes o relogio que a mae te deu no final do mestrado e a promessa de amor eterno e de pequenos na bicicleta fancy que vemos na montra da loja ao lado de nossa casa todos os dias.
Acordo: trazias, desculpa o engano..."Antes que a morte se aproxime, procuro-te.
Era o que bastava para te sorrir desde o cabelo à ponta dos pes e te levar comigo para debaixo do chuveiro ou dos lencois.
Eu sei que o teu corpo ja nao e meu e que as tuas promessas nervosas ja nao sao ditas ao meu ouvido. Eu sei que ja nao sou eu que desejas com um ardor de toxicodependente a meio da noite e os olhos onde te perdes nao sao os meus.
Roubaste-me tudo menos o silencio.
Roubaste-me tudo menos a imaginacao matinal, e quao criativa as pessoas sao de manha...
Tudo na vida tem o seu ciclo e o teu acaba todos os dias quando te procuro e nao te encontro. Nao te preocupes que os teus dias terminarao rapido.
"Nas ruas, nos barcos, na cama,
com amor, com ódio, ao sol, à chuva,
de noite, de dia, triste, alegre — procuro-te. "
(Eugenio de Andrade)